Com o objetivo de preservar e valorizar a história da Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul (AMP/RS), o Departamento do Memorial Sérgio da Costa Franco inicia uma série de publicações sobre as homenagens realizadas ao longo dos mais de 83 anos da instituição. Essas homenagens reconhecem promotores e procuradores de Justiça que, além de se destacarem no exercício de suas funções no Ministério Público, também tiveram atuação relevante em outras áreas, como literatura, nativismo, esportes e ações sociais.

A série começa com a biografia do conselheiro Clovis Goulart Ponzi, um dos grandes nomes homenageados pela AMP/RS. As publicações, que serão divulgadas periodicamente, contam com a colaboração dos associados, buscando resgatar e celebrar as trajetórias de vida desses colegas, perpetuando a memória institucional e seu legado à sociedade.

Localizada no 4º andar da Sede Administrativa da AMP/RS, a sala Clovis Goulart Ponzi abriga a renomada galeria de fotos dos ex-presidentes da entidade e também serve de palco para importantes reuniões, incluindo os encontros mensais da Diretoria Ampla, nos quais são tomadas decisões relevantes para a classe.

CLOVIS GOULART PONZI

Natural de Pelotas, nascido em 10/02/1928, bacharel em Direito pela UFRGS. Ingressou no Ministério Público em 10/10/1956 como Promotor de Justiça. Casado com Hilma Leite Ponzi, advogada, teve três filhos. Atuou como titular nas Promotorias de Justiça de Piratini, São Lourenço do Sul (1956), Itaqui (1958), Lagoa Vermelha (1958/60/61), abrangendo o Termo de Sananduva (1959/60), Ibiraiaras, São José do Ouro, Machadinho e Cacique Doble; São Luiz Gonzaga (1964), Erechim (1964), Rio Grande (1965), incluindo São José do Norte; São Leopoldo (1969) e Porto Alegre. Substituiu em Camaquã (1957/58), Tapes (1957), Santa Vitória do Palmar, Jaguarão, Arroio Grande e Pedro Osório.

Homem culto, humanista, socialmente engajado e promotor de Justiça dedicado e atuante. Em Lagoa Vermelha, lutou pelo reerguimento do Patronato Agrícola para menores órfãos, pela preservação da Reserva Florestal do Barracão, pela construção de um presídio amplo e higiênico e pela criação de um ginásio estadual noturno e gratuito. Foi responsável por levar a julgamento um dos primeiros casos no Brasil em que um réu foi denunciado por homicídio com dolo eventual, em crime de trânsito, com pronúncia confirmada pela 1ª Câmara Criminal do TJ em 15/12/1965. Defendeu com vigor as prerrogativas dos promotores de Justiça, incluindo a conquista de uma sala própria no Foro para uso dos membros do Ministério Público.

Na capital, atuou nas Varas de Trânsito, 1ª, 3ª e 5ª Criminais, Registros Públicos, Varas de Família e Júri. Promovido a Procurador de Justiça por merecimento em setembro de 1965, exerceu suas funções no Tribunal de Alçada e no Tribunal de Justiça.

Em 1964, foi preso pelo Exército no Quartel do Regimento de Engenharia Ferroviária, em Vacaria, acusado de "exercer influência intelectual subversiva sobre a juventude estudantil", respondendo a processo perante a Justiça Militar por crimes militares diversos. O processo durou sete anos, até prescrever.

Foi agraciado com a medalha "Oswaldo Vergara" e o título de Comendador da OAB-RS, em reconhecimento à sua defesa da ordem democrática e das liberdades.

Foi membro do Conselho do SAS e, a partir de 1994, eleito e reeleito para o Conselho de Representantes da AMP/RS, participando das gestões de Paulo Ricardo Tonet Camargo, Cláudio Barros Silva, Delmar Pacheco da Luz e Ivory Coelho Neto. Clóvis Goulart Ponzi faleceu no dia 20 de novembro de 2003.